Mais um episódio vergonhoso vem à tona dentro do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ).
De acordo com documentos que circulam nas redes sociais e constam no Portal da Transparência, o presidente do CRF-RJ contratou o próprio primo, Adriano Tancredo, para ocupar o cargo de assessor com um salário mensal de R$ 7.108,98.
Sim, você leu certo: o presidente nomeou um parente direto para um cargo comissionado dentro do Conselho — um ato que fere frontalmente os princípios da moralidade e impessoalidade previstos no artigo 37 da Constituição Federal.
Nepotismo dentro do Conselho
Os registros oficiais mostram que Adriano Tancredo exerceu o cargo de assessor entre janeiro e setembro de 2024, período em que recebeu regularmente salários pagos com o dinheiro das anuidades dos farmacêuticos.
Mas o que mais causa espanto é que, durante o mesmo período, Adriano cursava Medicina em regime integral — ou seja, frequentava aulas em horário comercial, o que levanta sérias dúvidas sobre como conseguia cumprir expediente no CRF-RJ.
“É humanamente impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo. Como alguém pode cursar Medicina em tempo integral e ainda trabalhar como assessor remunerado de um órgão público?”, questiona um farmacêutico ouvido pela redação.
Conflito de interesse e afronta à ética
A nomeação de um familiar direto e a manutenção do vínculo remunerado em circunstâncias tão questionáveis podem configurar nepotismo e violação de princípios administrativos.
Além disso, se confirmada a sobreposição de horários, há indício de enriquecimento ilícito, já que o pagamento foi feito sem a efetiva prestação de serviço compatível com a carga horária do cargo.
Enquanto o Conselho gasta mais de R$ 7 mil por mês com um parente do presidente, o farmacêutico fluminense segue:
- Trabalhando sob salários miseráveis (piso de R$ 3.158,00);
- Sem valorização;
- E sustentando, com suas anuidades, cargos políticos e cabides de emprego.
O que dizem os documentos
O levantamento aponta que Adriano Tancredo recebeu salários entre janeiro e setembro de 2024, totalizando mais de R$ 60 mil pagos pelo CRF-RJ.
O vínculo foi encerrado apenas após questionamentos internos e críticas de servidores e profissionais da categoria.
Transparência seletiva
Apesar da gravidade dos fatos, nenhum esclarecimento oficial foi publicado pelo CRF-RJ sobre o caso.
No Portal da Transparência, o nome do assessor aparece com o mesmo padrão de remuneração de outros cargos comissionados — mas sem qualquer informação sobre suas atividades ou resultados entregues.
Indignação cresce entre os farmacêuticos
“Enquanto o Conselho se cala, a categoria se revolta. Pagamos anuidades caras para financiar familiares de dirigentes? Isso é imoral!”, disse outro profissional ouvido sob anonimato.
De Olho no CRF-RJ seguirá acompanhando o caso e exigindo respostas.
Nepotismo, favorecimento e omissão não podem ser normalizados dentro de um órgão público que existe para fiscalizar e defender a profissão farmacêutica.
📚 Fontes:
- Documento “Recebimentos do Adriano Tancredo como Assessor do CRF-RJ – Janeiro a Setembro de 2024”;
- Portal da Transparência do CRF-RJ;
- Constituição Federal, art. 37, caput e inciso II.
🔗 Acesse: https://crf-rj.org.br/transparencia

